quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ele amava a música, mas sua vida daria um filme


Confesso que esperava ver homenagens naquela fria tarde de domingo, 9 de maio. Porém, não posso esconder minha emoção ao escrever sobre aquilo que vi, ouvi e senti quando da despedida ao maestro Mauro Cerdeira. Sua morte, aos 76 anos, poderia significar o final de um ciclo, mas me parece ser o início de uma nova etapa na cultura musical da cidade.

Isso só seria possível em razão do legado deixado por Mauro Cerdeira. Afinal de contas, bastariam poucos minutos de conversa com os amigos para perceber que estávamos diante de uma figura incomum.
A paixão pela música o levou à Rádio Tupi. Estamos falando da época de ouro do rádio, em que as emissoras tinham seu casting. Na Tupi, era responsável pela cópia das partituras. Algo inimaginável nos dias atuais, de massificação da produção cultural.

Porém, seria em Limeira que sua trajetória ganharia contornos de um daqueles personagens marcantes de filmes. Durante 50 anos, foi maestro da Corporação Musical Henrique Marques, fundada em 1860 e a quarta banda marcial mais antiga do Brasil.

Histórica banda, histórico regente. Mauro Cerdeira foi o quarto maestro da Henrique Marques em quase 150 anos de vida. Recentemente, por conta de uma doença, passou a batuta para Fernando Barreto. Não sem antes contar a mim que, “se um dia Deus me perguntar o que eu fiz com o dom que Ele me deu, vou dizer que aproveitei nota por nota".
A música estava em sua vida particular. Casou-se com dona Aparecida, ela que também nutria uma paixão pela música – atuou como cantora de rádio. Os quatro filhos são músicos. Um deles, Jorge, regeu a banda na Academia da Força Aérea, em Pirassununga. Maurinho, por sua vez, segue os passos do pai nas retretas da “Henrique Marques”.

Há ainda uma lista infindável de músicos que passaram pela formação rígida de “seo” Mauro. Eles sabiam que, em cada aula, diante deles, estava uma pessoa diferenciada, que precisou reservar um cômodo de sua residência para guardar os prêmios conquistados durante a carreira. Sabiam também que Mauro era um exemplo de que apenas o dom não é garantia de um músico de qualidade, mas que a persistência é tão importante quanto a teoria.

Lá estavam eles, naquela fria tarde de domingo, para homenagear Mauro Cerdeira. “Hoje não vou conseguir tocar”, lamenta-se Maurinho, diante dos colegas de banda. Jorge não resiste à lembrança presente. Após a execução de “My way”, eternizada por Frank Sinatra, Jorge vai a Fernando Barreto e aos músicos para agradecer pela homenagem.

Pouco antes do último adeus, o prefeito Silvio Félix diz que homenagens oficiais representam o mínimo que a cidade pode fazer pelo maestro. “A preservação da cultura é o compromisso que assumimos diante dele”, completa o prefeito.

Sinal de que a retreta dominical em Limeira tem que continuar.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Comodismo: o verdadeiro vilão da imprensa emergente

Geograficamente, a América Latina possui uma ótima localização. Pena que boa parte do mundo só se lembre dos países que a compõem apenas dessa maneira, ou seja, apenas como um pedaço terra. Apesar da riqueza cultura e natural, a posição perante outros países, considerados desenvolvidos, ainda é rasa e insólita.

E a culpa por tal desprezo não vem de fora. Se pararmos para analisar, o comodismo é o principal vilão de tudo isso. Desde pequenos a primeira informação que recebemos nas aulas de Conhecimentos Gerais e de História é que somos um país novo e em desenvolvimento. E o pior, crescemos com esse fardo calados, sem contestamentos.

O bombardeio prossegue com as comparações: a Europa detém o poder religioso; a Ásia é sabia e mais antiga e a America do Norte, a sensação atual, domina a tecnologia e a eficiência diplomática. E nós, o que temos? Somos miseráveis humanos descendentes de várias raízes indígenas, colonizados por portugueses famigerados de riqueza e mulheres bem afeiçoadas.

O complexo de inferioridade foi estabelecido. Qual o prazer de viver e morrer aqui, na terra onde canta os sabiás? Diante disso, o jornalismo deveria ter a função de formar, direcionar e mostrar o potencial local. No entanto, a Grande Imprensa - formada por veículos grandes e providos de dinheiro -, norteia suas programações em notícias voltadas para o centro do mundo.


Mas o que realmente é o centro do mundo? Essa pergunta feita por muitos revolucionários e anticapitalistas ainda está no ar. Com tantas características singulares, riquezas naturais, histórias para contar do nosso lado, a atenção dos jornalistas poderia e deveria estar antenada nos acontecimentos locais, muito mais que os estrangeiros.


Por enquanto, porém, essa realidade continua em discussão e deixando muitas pessoas órfãs de informação real sobre suas raízes. Quem sabe a tal Imprensa Alternativa tenha fôlego para continuar a resgatar essa lacuna de informação na sociedade ainda desprezada pela máfia capitalista e globalizada. Pois, a notícia na dose certa é remédio, mais que isso se transforma em guerra e volta a instaurar a solidão.

Donson: um contestador visionário

Lá vem ele, todo perfumado pelo corredor da faculdade. Religiosamente, cinco minutos antes de o sinal bater, Daniel Marcolino, mais conhecido como Donson, entra na sala esbanjando a todos um “oi” americanizado. E não tem como o deixar passar em branco. Herdeiro de uma pele afro-descendente da cor do pecado, o estudante de jornalismo é um dos mais altos de sua sala. Com 1,83 metro de altura, ele gosta de vestir roupas coloridas e que valorizam sua estatura. Camisetas mais justas, calças bem delineadas e, quando pode, sempre abusa em algum acessório, como uma corrente ou pulseira.

Donson também é mais que um corpo. Ele desfruta, e muito, de suas habilidades intelectuais. Dono de uma boa oratória, o aspirante no jornalismo domina claramente a língua portuguesa e passa muito bem em um desafio no inglês. Daniel nasceu em abril, mais precisamente no décimo primeiro dia do mês. Apesar da pouca idade, ele aparenta ter mais que 21 anos, não pela conjuntura física, mas, sim, pela maturidade em muitos assuntos, principalmente em se tratando de literatura.


Apaixonado por obras brasileiras, ele se considera um discípulo da escritora Clarice Lispector. Além disso, seu repertório musical sempre se baseia no rock tradicional inglês do Cold Play, passando pela melodia suave de Alanis Morrisette. Mas, como todo jovem, Donson também não dispensa um estilo eletrônico. Pelo menos uma vez por mês, a diversão é na balada com os amigos.


Recentemente, o jovem jornalista participou de um intercâmbio nos Estados Unidos. A experiência de pouco mais de três meses no país desconhecido resultou em diversas mudanças para ele. Uma delas foi a oportunidade de perceber que ele pode ir ainda mais longe, não apenas geograficamente, mas humanamente. Da viagem, muitas roupas e futilidades, mas também muito conhecimento, como o aperfeiçoamento do inglês.


Visionário e contestador, Donson se prepara para um novo desafio. Após a faculdade, o plano é pegar o “canudo” de formatura, embarcar em um cruzeiro marítimo e seguir rumo à Europa. Lá, ele pretende trabalhar como tradutor e voltar para o Brasil com o bolso cheio de Euros. Talvez esse seja um passo importante para a sua carreira, que promete alçar voo pelo mundo afora.

Devaneios de um velório pra lá de anormal

VIÚVA

As pessoas me olham e me rodeiam. Querem desejar sentimentos, mas não aceito. Afinal, sentimento nenhum existiu entre mim e ele. Tudo foi apenas uma vida de desilusões e sem alicerce. Um amor desnutrido e pouco famigerado. Até que tentei amá-lo, não posso mentir. Mas não teve jeito. O que me atraía nele era apenas o volume da conta bancária. Uma vida de luxo. Tive. Mas do que adiantou? Estou velha, na tenra idade e agora ninguém vai me querer.

Meu sonho sempre foi de encontrar um grande amor, quem sabe um príncipe encantado. No entanto, acabei me casando com o pai do meu tão sonhado príncipe. Trinta anos mais velho. No começo nem levei isso em conta. Mas deveria. A nossa relação na esfera social era ótima. Já a dois, sequer tinha excitação. Fazia apenas a minha parte na cama e logo dormia.

Agora, depois de muitas compras, viagens e futilidades, estou aqui ao pé desse caixão. Não me veem lágrimas para derramar. Não sei o que fazer. Estou rica e sozinha e mal amada como sempre. Mas não perco tempo. Ele pensa que não o vi, mas atentei-me aos olhares do pai da minha melhor amiga. Tudo bem que é desprovido de formosura, mas tem lindas mansões na Europa. Ah, que vergonha. Será que devo retribuir os olhares? Vou esperar pelo menos fechar o caixão. Não quero que meu marido leve uma má impressão de mim.


VELA

Passam das 20h e somente quatro pessoas chegaram. Está frio lá fora e para ajudar o aquecedor parou de funcionar. Parece que a noite vai ser tranqüila por aqui a não ser pela última família que aos poucos começa a chegar. Estão animados e com roupas coloridas. A que parece ser a filha mais velha é a mais coerente. Está adequadamente trajada e chora ao lado do caixão. Por outro lado, a suposta viúva, vaidosa e com poucos panos sobre o corpo, esnoba a situação.

Trabalho aqui há tanto tempo que até perdi as contas. Mas com toda certeza, nunca quiseram me derreter tão rápido como nesse velório. A todo o momento eles me olham, como se eu fosse a culpada pela demora do encontro familiar não acabar. O ponteiro do relógio, que anda a passos curtos e bem cadenciados já pesa sobre mim como uma bola cheia de areia.

Ufa! Estou indo embora, mas acho que essa confusão vai continuar sem mim. Coitada da próxima colega de trabalho que chegar. O turno dessa noite não vai ser fácil. O clima tá pesado aqui e com certeza deve piorar.

DEFUNTO

Não queria partir. Gostava da minha vida e acho que ela gostava de mim também. Posso dizer que, apesar de tudo, era feliz. Era rico, tinha uma mulher linda, muitos amigos e uma ótima posição social. Antes de partir, porém, não consegui cumprir uma meta em minha vida: ser pai. Adoro crianças e sempre sonhei em ter uma para alegrar a minha casa. Pena que a minha mulher era estéril ou fingia ser. Falo isso porque sempre desconfiei que ela não quisesse compartilhar comigo essa felicidade. Não sei o exato motivo, mas sempre a respeitei.

E agora, será que terei outra vida e nela a oportunidade de ter filhos ainda? Perguntas que ninguém me respondeu até o momento. A única coisa que sei e posso ver são essas pessoas ao meu lado. A visão está um pouco ofuscante pelo véu que cobre meu rosto. Estou sentindo falta de algumas pessoas. Onde estão meus amigos? Nem a minha esposa chegou.

Passaram duas horas e nada dela chegar. Estou preocupado, mas não posso mais esperar. Tenho que ir. Sei que ela virá e ficará comigo até o final. Confio nela e ela não vai me decepcionar. Adeus minha querida!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

As neuras de um observador cansado

Cansei da mesmice. Cansei de ser a mesma pessoa sempre. Cansei de falar os mesmos termos. Cansei de olhar e não ser olhado. Cansei de ver que existem pessoas sem perspectivas. Cansei!
Mas do que adianta perder o fôlego pelas pessoas? Neste mundo de meu Deus, como solfeja um amigo, nas horas de desespero, nada é para sempre ou ao menos resiste por muito tempo. Existem pessoas e pessoas.

Minha indignação voltou. Não sou exibicionista, mas amo observar a falta de discrição dos outros. Talvez isso levante barreiras. Querer entender demais as pessoas pode ser um erro. Mas, se não as entendo, como as conhecerei? Perguntas e colocações difíceis. Sim, eu sei.

Mas, não deixo isso me carregar. Tenho meus conceitos e não quero ficar preso à mesmice dos outros, porque de cansado já me basta estar. Espero que pessoas venham agregar coisas boas a mim. Não tenho como objetivo sustentar desejos reprimidos. Quero galgar meus sonhos com quem merece.

Cansei mais uma vez. Agora de tentar explicar a diferença de pessoas e pessoas neste mundo de meu Deus. Mas me recupero logo, pois ficar cansado por um tempo faz bem. Instiga à reflexão, aos murmúrios insólitos. Tira-nos da alcova e nos traz de volta a realidade.

Para um observador, acho que canseira não pega bem. Mas volto a observar e quem sabe não tenha tempo para relatar essas minuciosidades da vida alheia. Afinal, fica cansado quem quer e descansa quem tiver juízo. Acho que vou fazer o mesmo.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Farinha do mesmo saco


A guerra das vaidades que tomou conta da categoria de profissionais em jornalismo nas últimas décadas tem imposto regras que impedem a difusão de notícias e favorecem a indústria da venda da informação. De um lado, assessores de imprensa que pensam que podem escolher sempre onde divulgar seu material. De outro, repórteres e editores que acreditam ser os mandatários dos veículos e os donos da verdade.

Vivemos, então, uma disputa burra. Repórteres e editores precisam de fontes, ao mesmo passo em que assessores precisam de voz e de holofotes para seus clientes. A questão não está em saber quem beneficia quem, mas em ater-se à regra de que os dois lados fazem parte de uma só moeda: o jornalismo. Não se faz reportagem sem que tenha informação. Não se publica “verdades e certezas” sem que tenha veículo.

Um tema que tem pautado a discussão de encontros de comunicação, aulas de jornalismo e sindicatos é a polêmica suscitada por alguns jornalistas de que Assessor de Imprensa ou Assessor de Comunicação, mesmo sendo jornalista de direito, não seria jornalista de fato, por exercer uma função incompatível com a de um jornalista.

Jornalista, no entendimento de uma corrente, seria apenas aquele que trabalha em redação, descaracterizando-se dessa função todo aquele que exerce atividade em alguma empresa, qualquer que seja a função na área de comunicação. O debate está na pauta e especialistas no tema já se manifestaram sobre isso, mas a polêmica está longe do fim.

De um lado e de outro, a discussão fica quase sempre empobrecida pelo viés da arrogância corporativista dos argumentos, em torno da polêmica se o assessor de imprensa deve ou não ser considerado jornalista. Ou se o seu trabalho tem ou não natureza jornalística.

O que pesa na polêmica, e lhe tem dado base, é a crença de que o jornalismo, profissão secular, continua imutável como expressão e denominação de um poder imaginário (o tal quarto poder), como se no mundo, nos últimos 50 anos, nada tivesse acontecido que modificasse os contextos e as formas de fazer dessa atividade.

Assim, despreza-se por inteiro a complexidade contemporânea do jornalismo, transformado em linguagem por meio da qual se manifestam os conflitos discursivos da atualidade, e em espaço público onde esses conflitos se realizam com sucesso. Sem o que não haveria democracia.

Portanto, fica claro que que precisamos um dos outros, já que muitos assessores de hoje foram os bons repórteres de ontem. Em suma, somos todos farinha do mesmo saco. Seres famigerados carentes de informação, fontes, verdades e de espaço para veiculação de nosso material. Precisamos ainda em nos transformar em uma comunidade organizada, a fim de não perder a essência do jornalismo que é o repasse da informação.


*Texto produzido para a disciplina de Assessoria de Imprensa.

sábado, 3 de outubro de 2009

Rio 2016: "Yes, we can!"

Confesso que quando fiquei sabendo das cidades concorrentes, não acreditava que o Rio de Janeiro fosse ser coroada como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Não somente pela magnitude das outras cidades, mas pela comissão, por, talvez, dar preferência para estas metrópoles consideradas de "primeiro mundo", como Chicago, nos Estados Unidos ou Madrid, na Espanha.

Logo pela manhã, quando estava na redação do jornal, várias emissoras de TV deixavam o telespctador angustiado. Eram muitas especulações na voz de comentaristas esportivos, de economia, política e até de populares, que faziam suas previsões sobre a possível chance do Brasil sediar um evento que move milhares de pessoas em todo planeta.

Sem dúvida, minha vontade era que o Rio fosse o escolhido. Mas, o complexo de inferioridade cravado em muitos brasileiros, inclusive em mim, fez com que esse sonho fosse água abaixo. Já estava conformado e torcia até mesmo por Madrid.

Passou-se algumas horas, e quando os ponteiros arriscavam marcar 14h, veio a tão esperada notícia. Com aquele sotaque estranjeiro, ouvi pela televisão a palavra "Rio de Janeiro". Eu e mais alguns amigos de trabalho comemoramos de alegria. Foi tão emocionante, que a vibração me fez ter arrepios constantes.

Parabéns Brasil. Parabéns Rio de Janeiro. Parabéns brasileiros. Se não bastasse toda euforia, teve gente ainda que parou alguns instantes para tirar aquele nó da garganta e chorar. Até o presidente Lula chorou!

Começaram os discursos. Durante a tarde toda ouvi por muitas vezes a voz do nosso querido - pelo menos por enquanto - Lula. Em uma das frases, porém, achei interessante a sua colocação, que veio de encontro a mim. "Tem muito brasileiro pessimista, que quando acorda pela manhã olha para o sapato velho de sempre e acha que não vai caber no pé", posicionou-se.

Tudo bem, mais uma vez confesso que fui um dos brasileiros pessimistas que não acreditaram nessa escolha. Mas, pergunto: porque somos assim? Talvez algum dia, essa resposta seja dada por alguém. Por enquanto, independente de nossos pessimismos, o importante é que o Brasil irá sediar os Jogos Olímpicos, sendo o primeiro da América Latina.

Diante disso, mais confiante no meu País, peço, com todo respeito, que o inatingível Obama volte a cuidar da Crise Mundial, pois é o Lula - com ou sem os seus erros gramaticais - é que irá preparar a grande festa esportiva do mundo em 2016. Mas, sem dúvida, o iremos convidadar! Afinal, "Yes, we can"!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A transformação do áudio no Cinema

Trabalho feito para a Disciplina de Estética e Cultura de Massa, apresentado no semestre passado por mim. O vídeo aborda a cronologia do cinema e suas perplexidades em sincronizar o áudio e a imagem em uma única película, bem como procura otimizar as evoluções do universo hollydiano e a sua potência e credibilidade para com a História.

Tirando o conteúdo adquirido, no qual aprendi muitas coisas durante as pesquisas, posso dizer que foi um trabalho interessante e gratificante de se fazer, porém, com ele, pude testar minha capacidade de ficar algumas noites sem dormir. Sei que o vídeo tem pouco menos de seis minutos, no entanto, para editá-los, parece que foram mais de seis dias! Agora, pegue a pipoca, o refrigerante e boa diversão!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Despedida - Não trema em 2009


Dois pingüins dão adeus ao mais misterioso dos sinais diacríticos, mas não sabem ainda onde pô-lo, ou pólo (Sul)

Dois pingüins graúdos da cultura nacional - representantes de uma cervejaria e de uma revista - conversam à beira de um iceberg.

"Onde fica o pólo Norte?", pergunta o primeiro.

O pingüim da revista contempla com tristeza o amigo. Sem se importar com os traços evidentes de bebida no bafo do colega, explica a ele que não há mais necessidade de diferenciar o substantivo "pólo" (aprazível paragem de veraneio de qualquer pingüim encalorado) da antiga preposição aglutinada polo (por+o), destronada por "pela", sem contar a combinação de pôr e lo, "polo" - como em: "Onde devo pô-lo, meu suéter pólo?"

"No fim do mês será tudo sem acento", esclarece.

"Qüem, qüem", balbucia o cervejeiro, o olhar perdido numa aurora austral.

"Não!", subleva-se a ave letrada. "Não: o correto agora é 'quém, quém'."

"Quem o quê?", indaga o bêbado.
Tomado pela sensação de dever para com sua espécie - uma das mais prejudicadas pelo novo acordo ortográfico -, o pingüim da revista pega o amigo pela asa e põe-se a explicar as mudanças pelas quais passou a língua portuguesa desde o início do século XX:

"Até 1911, você seria um penguím. Havia também uma porção de ípsilons e pê-agás na língua. Pois os portugueses resolveram botar ordem na casa. Só que o acordo de 1911 não foi adotado no Brasil, que seguiu falando um português antigo e pomposo.

"O amigo o encara com o semblante de um pingüim que bateu a cara num iglu, se iglu houvesse no pólo - ou polo - Sul.

"No início da década de 40, acadêmicos portugueses e brasileiros resolveram unificar a língua e assinaram um acordo que colocaria, enfim, os pingos nos is das suas, deles, diferenças ortográficas. No entanto, por se tratar de acadêmicos, e ainda por cima lusos e brasílicos, o acordo não unificou nada.

"Mas nessa época eu ainda era um penguím?"

"De maneira alguma. O tratado de 1943 marcou a chegada do que é o sinal diacrítico mais importante da história, pelo menos no que diz respeito à nossa espécie: o trema."

Seu colega põe-se a chacoalhar a cauda, e depois o corpo inteiro. "Assim?", pergunta.

O pingüim da revista abre seu exemplar do Dicionário Houaiss, um tanto amassado pelo uso, e recita: "O trema é um sinal diacrítico, usado sobre a letra u, dos dígrafos gu e qu, nos vocábulos em que essa letra, seguida de e ou i, é pronunciada: agüentar, cagüira, eloqüente, qüinqüenérveo."

"Parece-me uma coisa suspeita", diz o outro pingüim, finalmente despertando para a magnitude do problema. "Qüinqüenérveo?"

O sóbrio pingüim prossegue, satisfeito: "E a coisa não para por aí."

"Para por o que aonde?"

"Não! 'Para', do verbo parar, em oposição à preposição 'para'. O acento que diferenciava certas palavras também não existe mais, lamentavelmente."

O outro pranteia o fim do acento diferencial, em solidariedade.

Continua o pingüim da revista:

"E quem sai perdendo somos nós, os pingüins brasileiros. Portugal, talvez por não ter pingüins, aboliu o trema em 1946. Os esfeniscídeos nacionais tornaram-se os únicos a carregar o estandarte dessa tradição, que em certos países tem o mesmo estatuto de outros diacríticos mais badalados, como a cedilha e o til. Na Alemanha, não se anda duas quadras sem um trema. Na França, é possível andar duas quadras, mas não se sai do arrondissement sem um bom par de tremas, ou seja, quatro mimosas bolinhas

"Mas na Alemanha", retruca sorrateiramente o amigo da cevada, "o trema tem uma função diferente. Conhecido como Umlaut, ele pousa sobre as vogais a, oe upara indicar a mudança de som. A Gisele Bündchen, por exemplo, seria pronunciada "Bundchen" se não fosse o Umlaut.

O retruque deixa o pingüim sabichão sem palavras. Ambos imaginam um mundo sem pólo, sem trema e sem Gisele Bündchen.

"Mas e de quem foi essa idéia infeliz de abolir o trema?", pergunta, de súbito, o mais burrinho, que aos poucos atenta para o golpe que a nova regra assestará na auto-estima pingüinácea.

"Na verdade uma ideia, já que os ditongos abertos ei e oi também não levam mais acento. O fim do trema foi - arram! - uma epopeia. Em 1971, cortaram um bocado de acentos, os mais divertidos, na minha opinião. Imagina, aceitar gêlo sem chapeuzinho, foi difícil. Mas por motivos que nenhum pingüim jamais soube, o trema ficou.

"O outro pingüim, cada vez mais apegado ao seu trema, imagina que perdê-lo será o equivalente, até pela semelhança, a perder seus testículos.

Imbuído de sentimentos solidários, a ave da revista (com ou sem trema, o pingüim segue sendo uma ave) improvisa um palanque de neve e proclama: "Nosso dever é assegurar uma transição civilizada dentro da categoria. Há uma legião de pingüins confusos por aí, à mercê de toda sorte de faux pas ortográficos. Embora se torne obrigatório apenas em 2013, ano que vem já está valendo, e em 2010 todos os livros de escola estarão despidos de tremas. Os portugueses têm até 2014."

"Eu vou segurar o meu trema até o último minuto", decidiu o cevador."Não seja um pingüim anacrônico. O ano praticamente acabou, o acordo ortográfico está aí. Que desejemos boas-vindas às novas palavras. Feiura, enjoo, paleozoico, micro-ondas. Vão chegando, a casa é sua."

*Texto de André Conti - extráido da revista Piauí

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Bastidores de um concerto

Ter a casa cheia e, acima de tudo, agradar ao público. Sem dúvida, essa é uma das sensações, assim como o nervosismo, que todo músico tem antes de entrar em cena. Nisso, já ouvi de tudo, desde o tradicional "merda para você" - o que talvez signifique uma "boa sorte" - bem como o "toca certinho lá, heim", um pouco mais ameaçador. No entanto, acho que nenhum dos dois faz diferença para mim, mas vale à pena seguir à risca os mandamentos.
Continuando com as cortinas fechadas, podemos falar do ensaio que antecede a apresentação. É por meio dele, que temos alguns minutos para revisar a partitura, a iluminação, a roupa e até mesmo a nossa condição física - uma vez que tocar é mais que um exercício físico, é um ritual.
Descendo praticamente ao porão do teatro, encontramos as cenas mais engraçadas. Isso mesmo, no camarim. É gargalhada, conversa alta, choro, piada, afinação de instrumento, e outras coisas que não me convém contar. Em suma, um verdadeiro mercado Persa. E mesmo com esse "silêncio" de Réquiem de Mozart, que paira sobra o local, há gente que persiste em se concentrar, ou ao menos tenta.
Além do mais, há também aqueles que almejam tirar um cochilo e outros que não dispensam um bom jogo de cartas com os amigos. Enfim, cada um espera a hora do concerto da melhor maneira que puder.
Agora, se você quiser descobrir algum novato na área, é simples. Basta olhar de relance nos cantos mais recônditos, que lá estarão eles. Não que eles sejam excluídos, talvez, mas é uma questão de “veteranidade” dos demais -coisas da música.
E o engraçado é que sempre um deles tem que dar bola fora justamente nesses momentos. Seja derrubando um copo de café na roupa de alguém ou até mesmo esquecendo a gravata. Entretanto, são nessas horas, que muita gente ri da situação, mas compreende, pois já tiveram a sua "primeira vez".
Em suma, tudo que relato pode até parecer estranho, mas não passa de um mundo à margem do que conhecemos e vemos à distancia. É uma alegria vivida e apreciada em detrimento de outras, que no final se resume em uma bela apresentação dentro e fora do palco. Visto que, quem assiste a apresentação, sequer tem idéia do que acontece antes e após ele.
Com isso, tenho a liberdade de me dirigir a este assunto sem preocupações, pois também faço parte dessa família, melhor, a integro há mais de quatro anos, e ela sempre foi assim: competente e ao mesmo tempo despojada.
E inesperadamente foi num dos concertos que mais chamou a atenção do público limeirense neste ano - concerto sobre música de cinema -, que eu pensei em observar com um olhar diferenciado os bastidores da Orquestra de Limeira. E, justamente nessa apresentação, que contou com um repertório renovado de filmes, como O Castelo Rá-tim-bum (o filme), O Senhor dos Anéis, Piratas do Caribe, Perfume de Mulher, A Missão, Harry Poter, entre outros, eu tive a oportunidade de me distanciar do fato, e ter uma visão de tudo e de todos que poucas pessoas percebem. Resumindo: trata-se de um misto de emoções, que no próximo ano também deve contar com um bis, e talvez com algumas novidades.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Jornal impresso na era digital


Com o surgimento de novas tecnologias, que visam à substituição do uso do papel por arquivos eletrônicos, alguns especialistas prevêem que o jornal impresso deixe de existir nos próximos anos. Entretanto, dados de uma pesquisa, feita pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) revela que a extinção do jornal impresso é algo pouco provável de se acontecer.

De acordo com os pesquisadores, que avaliaram os índices de circulação dos periódicos no primeiro semestre de 2008, houve crescimento de 8,1% na veiculação desse meio de comunicação no país, em relação a igual período em 2007.

Em artigo publicado no site da ANJ, o presidente Nelson Sirotsky concorda com o resultado. Ele diz que os jornais brasileiros vêm colhendo, nos últimos anos, uma série de boas notícias, como o aumento de circulação e captação de investimentos publicitários.

O editor-chefe do Jornal de Limeira, Rodrigo Piscitelli, vai além. Ele acredita que a internet não é adversário para o jornal impresso, e que futuramente, haverá a necessidade de adaptação a um novo formato, ainda não definido. “De fato, o papel suja as mãos, o tamanho do jornal não é dos mais agradáveis. No entanto, a internet também tem suas desvantagens, como por exemplo, ler textos na tela do computador durante muito tempo cansa a vista”, comenta.

José Natal Ciano, jornaleiro há mais de 20 anos, na Praça Toledo de Barros, conta que a procura pelo jornal impresso diminuiu consideravelmente, se comparado há duas décadas: “Antes, a era grande. Agora, com a internet e os planos de assinaturas, tudo mudou”.

Para o contador Fernando Peterlla, o jornal impresso é algo indispensável. Ele lê jornal durante o percurso de sua casa até o trabalho em transporte coletivo, mas também usa a internet para acompanhar o andamento das notícias no trabalho. “O bom do jornal impresso é que podemos levá-lo para onde quisermos, ao contrário da internet”, compara.

Domingo na praça proporciona diversão e cultura

Faça sol ou faça chuva, domingo é dia de passear na praça. É o que diz o casal Oswaldo Fiori, 78, e Egma Lima Fiori, 73, que, há mais de 50 anos, freqüentam a Praça Toledo de Barros - a Praça da Gruta, em Limeira, para encontrar os amigos. E não é à toa que eles gostam do lugar. Segundo o comerciante aposentado, foi entre idas e vindas na praça que ele conheceu a sua esposa.

Há 56 anos casados, Fiori e Egma contam que muita coisa mudou desde que eles passaram a freqüentar o local, até mesmo o jeito de andar e cortejar. "Antes, os homens caminhavam pela direita e as moças pela esquerda, de modo que a gente pudesse trocar uns olhares", explica o casal.

Egma conta que a paixão pela praça também se estendeu aos seus três filhos. "Desde pequenos, eu os trazia para brincar. Eles gostavam de comer pipoca e algodão-doce. Agora, casados, eles fazem o mesmo com os seus filhos", diz.

Para Fiori, locais públicos como a praça deveriam ser mais valorizados, principalmente pelos jovens que, atualmente, preferem o shopping à praça. "Antes, as praças eram mais animadas. Bandas tocavam no coreto todos os sábados à noite e aos domingos também. Os jovens freqüentavam o café e a bomboniere da gruta. Era o 'point' da nossa turma", compara.

Não só os costumes, mas também a arquitetura local se modificou depois de tantos anos. "Aqui era uma grande fazenda, que depois se tornou em um bairro povoado por grandes cafeicultores de Limeira. Não havia carros nem prédios, somente os casarões. Quem quisesse vir até a praça, tinha que vir de charrete", lembra.

De acordo com ele, o Cine Vitória (atual Teatro Vitória e antigo Teatro da Paz), inaugurado em 1940 num edifício moderno na praça, tornou-se febre na época. "O cinema era algo novo para nós. Ninguém perdia sequer um capítulo dos seriados americanos, como Zorro, Tarzan e os ávidos combates do Velho Oeste".

Algumas tradições ainda continuam vivas na Praça Toledo de Barros, como a apresentação das corporações musicais da cidade nas manhãs de domingo, assim como a venda de pipocas e doces nos tradicionais carrinhos da praça.


Saúde e preservação
Para a cabeleireira, Cecília Queiroz, 38, que sempre leva seu filho de nove anos à praça aos domingos, o lugar é ideal para o desenvolvimento de uma criança. "Além de ser saudável, aqui ele pode se exercitar e, acima de tudo, interagir com crianças de sua idade".

Seu marido, Fernando Queiroz, 36, faz um alerta. "A praça passou por reformas recentemente, mas, mesmo assim, temos que continuar preservando. O calçamento agora está bem melhor, por isso, é importante que as pessoas tomem cuidado".

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Bio-Atividades de Limeira, existem hoje, no município, aproximadamente, 140 praças. As centrais, como Toledo de Barros, Coronel Flamínio e Boa Morte, diariamente, recebem manutenções, como varrição e verificação do sistema elétrico. Já a revitalização das gramas e das flores é realizada mensalmente e substituída de acordo com a necessidade. Entretanto, a Secretaria pede à população mais cuidado com a limpeza.


quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O esforço nosso de cada dia


Ufa! Pensei que a maratona de provas e trabalhos não fosse mais acabar. Estava com saudades do blog, mas não tinha como me dedicar. Volto agora com mais vontade e, cheio de histórias para contar, lembrando que dentro em breve elas retornarão, e com mais forças!

Por isso, viva seu dia com alegria, independente da situação. Dê valor aos seus momentos insignificantes, pois um dia eles darão a você.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Muito mais que um amigo

Não poderia deixar de registrar a minha paixão pelos animais, pois intrinsecamente acredito que eles foram criados com a missão de nos ajudar, e de diversas maneiras. Quem tem, ou já teve um, sabe do que estou falando. Por isso, é inaceitável também não se lembrar de um velho amigo meu, o Fofão.
Poodle, daqueles grandes, Fofão foi um grande companheiro. De pêlos longos, levemente cacheados e permutados na cor cinza do céu de inverno, ele trouxe alegria e bons momentos para a minha vida. Tínhamos muitas coisas em comum. Parecia-me que ele decifrava o meu pensamento, ou às vezes, até interpretava os traços de meu rosto. Se estivesse bravo, ele nem se arriscava passar ao meu lado. Se estivesse triste, sentava em minha frente e fixava seus olhos nos meus, aliás, ele sempre olhava em meus olhos, independente da situação.
Seu nome, Fofão, não tem muito a ver com o seu peso. Logo pequeno recebeu esta qualificação devido a sua imensa graciosidade fofuresca. Não lembro bem o ano que o conheci, mas recordo como ele chegou lá em casa, ainda recém nascido, e com os olhinhos ramelentos e fechados.
Sua primeira cama foi ao lado da minha. Quando a noite chegava, e era hora de dormir, se reprimia e chorava. Não tinha outra solução, a não ser a de colocá-lo na minha cama. Era um folgado. No entanto, a mordomia não durou muito tempo, pois com o seu rápido desenvolvimento, sua cama teve que ir para o quintal, na área de serviço, mais exatamente ao lado da máquina de lavar roupa. Nas primeiras noites, os choros foram constantes, mas em pouco tempo ele se acostumou.
Apesar da inesperada mudança, ele ainda continuava com as seus privilégios. “Filho único” de casa, tudo era só para ele. Não precisava dividir o osso, muito menos a atenção com ninguém. Suas cachorrices prediletas eram engraçadas, porém muito nojentas. Uma delas era a de desenrolar rolos de papel higiênico, começando pelo meu quarto até a sala. Quando via, já era tarde, a casa estava mumificada. Entre essas e outras brincadeiras, Fofão e eu crescemos juntos, praticamente como irmãos, além dos meus de verdade, é claro.
Entretanto, os anos se passaram. A relação entre mim e Fofão continuava a mesma, tanto na alegria, quanto na tristeza. Mas eu não imaginava, que um dia tudo pudesse se acabar. Fofão já completava os seus bem vividos 15 anos, e com a tenra idade, a decrepitude também se aproximava. E foi num dia desses, uma tarde quente de verão, ao bradar dos pássaros, que tudo se acabou. Melhor, não se acabou, finalizou com grande êxito, pois já que eles vêm para nos ajudar, tenho certeza, que este veio, e seu papel cumpriu.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A TV destrói relacionamentos

Nada melhor do que chegar em casa, após um dia de trabalho, e descansar. No entanto, muitas pessoas dedicam esse tempo, de backup mental, ao passatempo predileto da sociedade moderna, a tevê. Situada num dos pontos mais nobres da casa, o aparelho, sem pensamento e alma, recebe toda atenção e privilégio constante. É impossível vencê-la. Quem tenta, na maioria das vezes tem como resposta um “psiu! Silêncio, tá na hora do programa”.
A magia da tela multicolorida é de matar. Fortaleceu-se com o desenvolvimento da tecnologia e com a credibilidade de seus telespectadores. Tornou-se grande formadora de opiniões. Revolucionou nações. E olha que ela nem pensa, mas é feita por quem pensa. E muito!
Bem, não quero estender demasiadamente essa idéia particular com vocês. Pois sei que cada um tem um. Contudo, torno reflexível algo já concretizado por muitos. Então pense: Não se deixe levar por aquilo que se vê, mas sim por algo que o faz pensar.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

É acampando que se aprende

Viajar é muito bom. Viajar e se divertir é melhor ainda. Mas nada se compara à alegria de poder juntar tudo isso e entrar em uma barraca de acampamento no meio do nada. Pode chover, cair neve e tudo será divertido. Mas, é claro, que tudo isso só é gostoso pra quem gosta, no entanto quem não gosta e vai junto, acaba por não resistir à tentação do momento.

Acampamento é tudo de bom. Você toma apenas um banho por dia, se meleca todo com as brincadeiras noturnas, dorme menos que oito horas por dia, mas sempre está disposto às novas aventuras. Não se preocupa com o cabelo, não combina peças de roupas pra se vestir e muito menos se policia com o que come.

Em meio a tudo isso, passei uma semana num dos melhores acampamentos que conheço: o ABA Acampamento. Na verdade eu não acampei, mas sim equipei, ou seja, fiz parte da produção e organização do acampamento. Às vezes penso que acampar deve ser mais legal do que equipar, mas como eu nunca fui um acampante do ABA, acho que equipar é tudo de bom.

E foi assim, dei muitas risadas e trabalhei bastante, e como trabalhei. Criança é uma graça, mas dá um trabalho, que você nem imagina. E depois falam que elas são puras, e não mentem. Realmente concordo, criança não mente, mas é fofoqueira por excelência.

Avaliando a semana, uma das coisas que eu mais gostei foi ver como é bom ser criança e não ter compromisso com nada. Aprendi também que para tudo existe uma recompensa, até mesmo em ser um personagem jurássico, da época das cavernas, só pra ver o sorriso de uma criança. Isso verdadeiramente não tem preço, pelo menos por enquanto.

E mesmo assim há quem diga que acampamento é coisa de escoteiro. Discordo, e com razão. Tenho quase certeza de que um comentário desse só pode ser feito por alguém que nunca foi dormir na casa de um amigo ou teve a oportunidade de viajar sozinho. Às vezes faz bem sair um pouco de casa e conhecer pessoas e respirar outros ares. É uma experiência que ensina princípios pra toda vida, até mesmo o de você aprender a arrumar sua própria cama e deixá-la impecável.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Um exemplo a ser seguido

No último final de semana, após muito esforço, consegui acabar de devorar mais um livro. E como não poderia ser diferente, era sobre como fazer jornalismo com qualidade. Não que eu deteste o assunto, mas é que nos últimos seis meses, eu só tenho visto em cima da minha escrivaninha vários livros do gênero. Tomara que essa maratona colabore com a minha formação de jornalista.

Agora, nas férias, a rotina será um pouco diferente. Com mais tempo, vou selecionar alguns romances para ler e, claro, freqüentar um pouco mais os cinemas - lembrando que estudante paga meia-entrada todos os dias.

Mas voltando ao livro que falei, posso dizer que entre todos que já li, e não pensem que foram muitos, este foi o mais interessante. A sinceridade do autor, presente em todo momento, fez com que eu me identificasse com os seus argumentos e aprendesse um pouco mais sobre o cotidiano jornalístico.

O tal livro, “A arte de fazer um jornal diário”, de Ricardo Noblat, nascido e formado em Pernambuco, pode ser qualificado como um texto gostoso de ler. Não é à toa, pois com seus 35 anos de experiência no jornalismo impresso, e atuando como diretor de redação do Correio Brasiliense, ele relata, em seu livro, diversos fatos dos bastidores da profissão.

A maioria dos fatos é de jornalismo barato, que segundo o autor deve ser ignorado. Mas há também produções exemplares e apontadas por ele como um modelo a ser seguido. Pois, como ele mesmo diz, jornalista não pode ser preguiçoso, pelo contrário, deve ter o faro das coisas, saber o que está fazendo.

E o mais interessante é que em nenhum instante Noblat deixa o leitor confuso, ele somente esclarece. Pois segundo ele, ser jornalista não é fácil, e quando se é, o difícil é enxergar a sua verdadeira função, já que muitos a perdem.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

O Caçador de pipas

O autor, Khaled Hosseini, nasceu no Afeganistão, mas foi criado nos Estados Unidos. Neste livro ele conta a história de um menino afegão que teve uma infância dourada no Oriente Médio e mais tarde emigra para os Estados Unidos, onde se forma na faculdade e acaba criando uma carreira respeitável por lá. O livro é narrado em primeira pessoa e conta a história de uma amizade de infância com o filho do caseiro de seu pai. Os dois foram criados juntos e têm uma amizade fraternal. As circunstâncias da vida os separam, porém a amizade não morre. O livro não informa se é autobiográfico, mas a idade do autor coincide com a do personagem, permitindo essa especulação.

É difícil falar sobre um livro sem querer estragar o prazer do eventual leitor contando o que acontece, já que a história é cheia de surpresas. Só direi que as pipas do título, na tradução da editora carioca Nova Fronteira, são mais conhecidas como papagaio em São Paulo (empinar papagaio é a expressão usada) e pandorga em outras regiões do país. E são, no Afeganistão, muito mais populares do que aqui, com um sabor de ritual de competições entre jovens, e em outros países até com conotações religiosas.

Novo romance e Filme
E o autor vai além. Após o sucesso do Caçador de Pipas, vem aí, a todo vapor, o segundo livro de Hosseini, voltado aos conflitos e costumes paradoxos do Oriente Médio. O novo romance do autor tem como título “Cidade do Sol”. Eu ainda não o li, mas estou doido para ler. Caso alguém tenha e queira emprestar, eu aceito.

Lançado nos Estados Unidos em 2003 e traduzido para o português em 2007, O Caçador de Pipas já foi parar nas telonas. Após muita ansiedade, o filme foi rodado e estreou nos cinemas no mês de maio para todo o Brasil. Confira.

Até mais.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Estréia da Semana

Cinema
Segundo "Crônicas de Nárnia" estréia com mais batalhas


Novo filme da série de heróis juvenis baseada em histórias de C. S. Lewis arrecadou boa bilheteria nos Estados Unidos. Tomara que no Brasil isso não seja diferente. O "povão" tá precisando de uma injeção de cultura.

Pois é, se você é assim como eu, fissurado em histórias mirabulantes, vale a pena assistir. E claro, não use DVD pirata! Mas se for utilizar, conte pra ninguém!

Depois que assistir, deixarei um breve comentário. Se realmente for legal, como está sendo divugado, darei uma atenção maior para este contexto. Até mais e bom filme.